Vou abrir o jogo com vocês. Não procuro opiniões, embora ler diferentes realidades possa me ajudar a organizar a cabeça, mas nunca a decidir, porque essa decisão só me cabe a mim.
Desde que o meu avô faleceu que comecei a pensar mais a sério neste assunto.
Como já referi várias vezes, nunca quis ser mãe. Não sinto absolutamente nada a chamar para esse acontecimento. E não olho para as crianças e acho-lhes uma graça desmedida. Não.
Mas desde que o meu avô faleceu que comecei a pensar mais nesse assunto por vários motivos e lá está, podem não gostar mas são os meus e não devo nada a ninguém:
- A minha família é mesmoooo muito pequena, uma vez que tios directos se afastaram e com eles, os primos. Portanto, família que eu considero mesmo família são os meus pais, irmãos e uma "tia e primos" que nem da família são, mas foram criados connosco;
- Sou muito apegada à minha mãe e só penso no dia em que não a tiver, que espero que demore uns milhões de anos, não sei o que será de mim. Falo com ela algumas 3 vezes ao dia, para saber como está, o que fez, saber se está bem;
- Sei que ela precisa dessa "distração", apesar da idade dela. Ela até já ponderou voltar a trabalhar numa coisa dela. Isso mexeu comigo. Disse que precisava de se distrair e manter a cabeça ocupada;
- A minha irmã está no Norte, o meu irmão está cá mas é sozinho e não liga nenhuma a ninguém...
Posto isto, quando eu ficar sem a minha mãe, sinto que vou ficar sozinha. E já meio que sinto isso e tenho-a comigo, por isso imaginem...
E estes são os únicos motivos para eu estar a pensar neste assunto. Não tanto numa de egoísmo, mas quase.
Claro, a juntar a isto tenho:
- A questão da idade. Já vou com 35 anos e 7 meses de vida. Não posso adiar muito mais a decisão e se realmente depois quiser ter, poderá ser tarde de mais;
- A médica já referiu isso mesmo, que tenho que me decidir mesmo;
- Tenho problemas na tiroide e não ajudará à coisa.
Mais uma vez, poderão não ser os melhores motivos, mas são os que tenho. Bons ou maus, são os meus.
Se são válidos? Para mim, talvez. Para vocês talvez não.
Se são suficientes? Não estão a ser, pois a decisão não sai nem a ferros.
Sim, deveria ter em conta também a opinião do meu marido, mas como já sei a opinião dele e no meu corpo mando eu, eu é que sei e sinto que esta decisão só depende de mim, mesmo. Porque quando um não quer, dois não dançam. Pelos menos estes dois.
Poderá também ser o medo a falar.
O achar que não tenho dinheiro, que o dinheiro nunca vai chegar. Que não me faz sentido ir às poupanças para ter um bebé.
O achar que vou estar sozinha, mesmo estando casada.
O achar que não vou aguentar a privação de sono.
O ter um medo terrível do parto e das dores.
O de não me estar a ver com muita paciência para choros, birras, etc, apesar de que tenho me surpreendido a mim mesma com o cão, apesar de ter noção que é pouco parecido, digamos assim...
E pronto, é isto...
Uma decisão que quase só me diz respeito a mim, mas que não sai simplesmente.
E agarrar e deixar de tomar a pílula sabendo o que vai acontecer, não consigo.
Às vezes até desejo que acontecesse sem eu estar há espera e era obrigada a ter e acabavam-se as indecisões!
É isto. Podem começar o apedrejamento.