quinta-feira, novembro 2

Saudades

Um dia da semana passada, tive 4h ao telefone com uma tia minha.

4h, leram bem. Rimos, chorámos e cheguei ao fim das 4h com um sentimento de leveza. Soube mesmo bem.

Um dos assuntos, claro, foi o meu avô.

E foi o motivo para eu ter chorado. Sinto a falta dele.

Claro que já não choro como antes, mas agora sinto-me de novo um bocado mais em baixo.

Mas a minha tia disse-me umas coisas que, deram aqui quase um clique e eu nem tinha associado.

Como sabem, não falo com o meu pai. E só após o Psicólogo ter associado que o meu avô era a referência masculina na minha vida, que se fez luz nesse campo.

Era ele que me levava e ia buscar à escola, era ele que me ia levar e buscar à catequese. Era ele que me ia levar e buscar quando eu tinha alguma festa de anos e quando precisava de "boleia" para algum lado, era ele. Sempre foi ele.

Do meu pai só ouvia "vê se o teu avô pode, que eu não vou"... E sempre foi assim a minha vida toda. Era o meu avô para tudo, pois o meu pai estava-se bem cagando.

Nunca o achei um substituto do meu pai, mas realmente, quando o psicólogo falou, fez sentido. Faz sentido.

Mas ela a mim disse, que desde que ele deixou de poder conduzir e depois, quando foi para o Hospital/Cuidados Continuados/Lar, e eu ia com ele a todo o lado e eu ia vê-lo nestes locais todos, incansavelmente todos os fins-de-semana, era eu a retribuir tudo o que ele fez por mim.

Chorei e agora choro de novo.

Nunca o fiz com esforço. Era cansativo? Era... Mas não era esforço nenhum.

Deixei de fazer muita coisa, porque aquelas horas eram dele. E não me arrependo absolutamente nada de lhas ter dedicado.

O meu avô, a minha família, sempre estiveram e estão em 1º lugar. Por eles, tudo.



2 comentários:

  1. Fiquei comovida com o teu texto..

    É isso, mesmo sem te aperceberes deste-lhe o tempo que ele te deu. É bonito, uma troca de amor em momentos muito diferentes da vida de cada um. O que importa é que estiveram lá um para o outro :)

    Um beijinho

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  2. Eu diria que todos os que lêem o blogue da Cláudia foram entendendo isso, o seu avô encarnava o pai que se fazia a si mesmo ausente. Não é preciso ser psicólogo para chegar a essa evidência:). E não vejo mal nisso. Há quem viva sem ter encontrado substituto para o amor e protecção paternos. Ter um avo que foi capaz de o fazer foi uma sorte. E sim, sua tia tem razão, o que a Cláudia fez pelo seu avô foi uma forma de "pagar" (acho eu que o amor ou a falta dele não têm paga) não pagando, o amor é um laço entre duas pessoas que fazem bem uma à outra só porque se gostam e não para fazerem o que devem ou pagarem o que seja. É gratuito. E por essa razão vale e é verdadeiro.
    Pense nisso

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