O que é de mais, enjoa

Quem já tinha saudades? É que eu não. Que levo com estes filmes todos os dias.

Dia de anos do meu avô. Lembra-se? Dia 6 de Maio.

Pois que é sempre da praxe irmos todos almoçar fora, juntos.

Este ano podia ter sido igual, podia. Mas não foi.

Mais uma vez o meu pai decidiu fazer uma birra. Haja paciência.

Não quis e não foi almoçar conosco, por ser o meu avô a fazer anos.

A minha mãe insistiu e nada.

Acabei por a apanhar a chorar no quarto, sozinha.
Gostava de saber, mas gostava de saber mesmo, que merda de prazer tem este homem em fazer sofrer a minha mãe desta maneira.
É que juro, não entendo.

Ela fica afetada e apesar de eu entender (ela quer todos a darem-se bem e infelizmente nunca há-de conseguir) não sei porque também liga. Porque dá importância.
Já não é a 1ª vez que ele faz birrinhas, qual criança de 5 anos. E eu não tenho paciência.

Por mim, ou ela agarrava e falava a sério dizendo que "isto assim não dá mais", ou então pedia logo o divórcio.
Sabe trata-la como empregada, mas não sabe depois contribuir para um bocadinho do bem estar dela.

O meu avô percebeu logo que o meu pai não foi por causa de ser ele a fazer anos e por não gostar dele.
Mas depois é bocas. Boquinhas. Provocações a toda a hora.
É uns nervos, um stress enorme fazer o que quer que seja cá em casa, acreditem.

Só tenho mesmo pena é da minha mãe. Sofre. Sofre todos os dias.

Do meu pai, só sei uma coisa. Não está a fazer uma boa cama para se deitar.
Se lhe acontecer alguma coisa, é muito provável que eu chore, mas não sei se também não sentirei um alívio.

Mas só sei que ele não vai escapar do tão famoso "cá calharás"...
Ele há-de envelhecer mais, ele há-de começar a precisar de mais ajuda, ele há-de deixar de conseguir fazer as coisas também.... O meu avô ainda tem a filha que o ajuda e uma neta (eu) que se preocupa muito com ele...
O que terá o meu pai? Uma esposa que depois, e Deus queira que nunca aconteça nada, não poderá tomar conta dele. Um filho que só se interessa por dinheiro e afins. Uma filha no Porto que namora com um rapazito preto. Uma outra filha a quem ele decidiu dar uma tareia de cinto e deixar de falar.

É tudo muito giro. Faz da minha mãe empregada, trata-a mal, fala mal com toda a gente, afasta toda a gente dele... Manda bocas, critica, tudo. Nunca vi uma pessoa tão amargurada como ele.
Mas esquece-se que também caminha para a velhice. Esquece-se que vai precisar que "pessoas" tratem dele.

Só tenho medo de uma coisa nisto tudo.... Dizem que sou igual a ele. É um facto. Eu admito, temos um feitio quase igual.
Mas espero mesmo nunca ser como ele. Que eu saiba sempre o meu lugar e que tente sempre mostrar às pessoas o que elas são importantes para mim.
Sou uma refilona nata. Mas tenho a certeza que sou milhões de vezes mais humana que ele.