terça-feira, setembro 10

Desabafo - Gravidez

Como sabem, nunca quis ser mãe e esse desejo não existe. Pelo menos, como acho que é suposto ser sentido.

Mas desde que perdi o meu avô, que tenho pensado mais nisso.

Claro que, ao não sentir "a vontade", há alguma revolta dentro de mim, admito. Tento ter um pensamento positivo, tento pensar que apesar do difícil que eu já estou a imaginar que vai ser (espero estar a imaginar pior do que será na realidade), que vai ser bom, apesar de tudo.

Quando soube que a minha irmã estava grávida, a 1ª coisa que me passou na cabeça foi: "Que se lixe isto. Ela já terá o bebé e já vai deixar a minha mãe feliz. Descarto-me dessa "obrigação".".

Mas a verdade é que depois comecei a pensar e sim, a minha irmã vai ter os filhos dela, mas são dela e ela está relativamente longe. No Porto.

Depois, olho para a minha mãe, que não vai para nova e penso muitas vezes comigo própria e chego a chorar, pois tenho noção que, quando eu for mais velha, espero que seja só aos 80! mas que não terei cá a pessoa mais importante na minha vida. Ela.

E sem ela, mesmo tendo irmãos e sobrinhos, a vida será triste. 

Já aqui o disse várias vezes, para mim, família, é a minha família raiz. Não considero nem ao meu marido nem à família dele como minha família. Daí falar sempre muito em estar sozinha... A minha irmã no Porto, a vir cá cada vez menos, vamos falando pelo telefone mas não é a mesma coisa. O meu irmão que só nos tem a nós.

E a família é extremamente importante para mim e admito, só o descobri ou só ganhei noção disso, há uns meses atrás. Não sabia que aquilo que eu sentia era mesmo devido a essa importância. Achei que era normal.

E devido a isto tudo e devido a tudo o que já aqui contei, que achei que a gravidez fizesse sentido. Chegar aos 50 anos e estar "sozinha", não sei... Comecei a pensar que talvez não fosse assim tão giro, não sei explicar...

Setembro já chegou e com isso, o aval também da médica da Tiroide. 

Como já deixei de tomar a pílula no final de Maio, já passaram 3 meses de limpeza no organismo em relação a isso.

Fiz questão de o relembrar, mais uma vez, que não faço isto por ele. Acabo por fazer isto, na realidade, por mim mesma, apesar de estar a pensar muito na minha mãe. Fá-lo-ei, por mim.

Sei que não vai ser uma substituição, mas espero amenizar esta dor que sinto quando penso na falta que a minha mãe me fará.



8 comentários:

J.P. Alexander disse...

Te mando un beso y te mando mucho animo.

Inês disse...

Cláudia, já a leio há anos e fui das pessoas que quando descobri o blog fiz questão de o ler desde o início. Raramente comento.
Isto para dizer que o meu comentário de hoje pode ser demasiado intrusivo e se assim for, nem o publique. E peço que tente interpretar com bom sentido. Às vezes quando escrevemos coisas o sentido que lhe queremos dar perde-se. Estou com a melhor das intenções e vou dizer algo que já disse a uma das minhas melhores amigas e madrinha do meu filho. Imagino que a situação da gravidez já tenha sido pensada e repensada muitas vezes. Mas sinto que não o está a fazer pelos melhores motivos. Tenho a certeza que vai amar qualquer criança que nascer. Viu-se com o cão, que também não queria. Mas sugiro se calhar que faça uma pesquisa sobre mães que se arrependem de ser mães. É um assunto tabu mas cada vez mais falado, a maioria das vezes no anonimato, por razões óbvias. Dizem que amam os filhos mas que preferiam 1000 vezes não os ter tido. E atenção digo isto sendo mães de dois, a pretender que passem a 3 no próximo ano e a 4 quando finalmente me deixarem adoptar. Honestamente não me parece que seja o seu desejo. Só o está a fazer por medo de se sentir sozinha no futuro, pela mãe, etc. Na minha opinião seriam tudo motivos válidos para ajudar na tomada de decisão se a Cláudia também quisesse. Mas dado que sempre afirmou que não queria e ainda hoje diz que não sente essa vontade, parece-me que seria melhor pensar mais um pouco antes de se tornar em mais uma mãe que ama o filho mas que preferia não o ter. Beijinhos

Inês disse...

Ah, e tenho 36 anos e não tenho mãe desde os 8 e perdi o meu pai em Abril. Avós também não tenho. Mas acho que os filhos não servem para amenizar a dor dessas perdas... pelo contrário às vezes. Ter a minha filha a falar constantemente no avô (a avó não conheceu), a chorar a dizer que tem saudades e que o quer aqui, ainda torna as coisas mais difíceis de suportar.

Cláudia disse...

Olá @Inês

Agradeço o comentário e claro que não levei a mal :)

E percebo perfeitamente o que queres dizer. Já pensei muito nisso também.
Sinceramente, nem sei mais que lhe diga... :/ É complicado, pois nem eu consigo pôr aqui o que me vai cá dentro.

Beijocas

A teia dos 20 mais x disse...

Há algo a considerar, o amor da família ninguém nos tira e não há nenhum que substitua.
O amor que tenho aos meus pais (agora só a mãe comigo) é muito diferente do amor que tenho pelo meu filho. Mas eu sempre quis ser mãe, sempre sonhei com 3 pirralhitos atrás de mim, vida afora.
Hoje olho para trás e penso que talvez fosse mais fácil sem ele, mas eu sou tão mais feliz com ele que não me arrependo um milímetro que seja de o ter.
E olha... os filhos são sempre das mães, sempre... por mais que os pais ajudem (e olha que o meu ajuda mesmo muito), nós somos sempre as mais sobrecarregadas, leva isso em conta. Seja na gravidez seja depois de nascidos.

É a decisão de uma vida, porque vão ser dependentes de nós durante muitos anos. Eu nunca tive medo de morrer por ex, e desde que ele nasceu que é o meu maior medo, deixa-lo sem mim. Muitos sentimentos vêm à tona com estas mudanças, de se ser mãe.

Mas do meu lado, já sabes, é força e amor.
Beijinho :)

Anónimo disse...

olá!
acho que é uma situação que ainda não está resolvida em si...
Acho que a saudade que sente não a deixa pensar com clareza num filho... são amores tão completos e diferentes.
Não acho que um filho tenha de substituir outro Amor ou pessoa. Está a criar expetativas que podem não corresponder a realidade, não que seja má ou boa pode apenas ser diferente... desculpe a opinião.
Sou filha Única, Apenas tenho a minha mãe, já perdi meu pai e avos. Tenho apenas uma filha mas em compensação a família do meu marido é imensa e são meus também .

Um grande beijinho

" R y k @ r d o " disse...

Como homem, pai e avô, respeito toda e qualquer decisão sua, sobre a matéria de uma gravidez.
.
Saudações amigas.
.
Poema: “” O Amor Acontece ““
.

Anónimo disse...

Olá Cláudia.
Concordo com o que a Inês disse, acho que foi bastante ponderada na reflexão que fez. Digo isto do fundo do coração, como mãe de uma criança com 8 anos: temos a falsa sensação de que os nossos filhos são nossos, mas não são. E num piscar de olhos eles quererão é estar/sair com os amigos, vão estudar ou trabalhar fora. Não me parece sensato criar expectativa de que um filho nos fará companhia na nossa meia idade, porque na volta, é quando precisamente eles começam a ser do mundo e nem devemos esperar que não o sejam e não voem do ninho.
Quando o ninho fica vazio dos filhos, estará lá quem estava antes dos filhos virem: o marido. Temos uma moto que já pensamos vender mil vezes, porque como núcleo de 3 agora mal lhe damos uso. Mas o meu marido diz muitas vezes e é verdade… mais meia dúzia de anos e o nosso filho já nem vai querer sair com os pais ao fim de semana, e certamente nessa altura poderemos retomar mais as saídas a 2.
Cada um terá as suas motivações para gerar uma nova vida, mas acho que só trará muitos amargos de boca se ainda nem o filho nasceu, e já sobre ele estivermos a depositar uma tarefa que será para nos colmatar questões pessoais nossas. Costumo dizer que um filho não vem preencher nem resolver vazios relacionais (seja com companheiro, pais, amizades etc.) muitas das vezes até o que faz é ainda empolar esses problemas. Vem apenas para complementar aquilo que já é bom. E nunca devemos basear a nossa felicidade na expectativa que temos daquilo que o nosso filho vá fazer pela nossa própria felicidade lá à frente na vida.
Ser mãe é das coisas mais bonitas que nos acontece enquanto seres humanos. Mas também é das coisas que mais requer abnegação.
Penso que deveria abordar esta questão em terapia, penso que estejam aí questões complexas e profundas que mereciam ser desconstruídas para que possa dar esse passo de uma forma mais confiante.
Isa

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