quinta-feira, setembro 12

Recordações más

Li, há uns tempos atrás, um texto meu de há muitos, muitooooos anos!

De há 10 anos ou mais, imaginem. Tinha 26 anos ou menos.

Ao ler de vez em quando textos antigos, vejo o infantil que era, mas fazia parte, eu sei. E alguns erros que dei, Jesus...😂 
Há textos que tenho vontade de apagar. Mas porra, isto faz parte de mim. Já fui infantil, já fui uma criança e tornei-me nesta mulher ainda infantil às vezes mas que tantas outras vezes se acha uma "cota" 😂

Mas ao ler estes textos... Jesus, cresci! Cresci mesmo e a minha escrita também evoluiu comigo, claro.

Mas este texto em particular... É curioso como, com o passar dos anos, a cabeça colocou estas situações lá nos confins, que já nem me lembrava! A dor que me deve ter provocado devia ser parecida com a tristeza que senti ao lê-lo. Admito que chorei.

Mas vou partilhá-lo apenas para mostrar a mim mesma que consegui ultrapassar! Que não há dor que nos mate. Nós é que nos tornamos mais fortes.

E não quero mostrar que tenho coração bom ou para terem pena. Mas para mostrar a mim mesma, mais uma vez, que apesar do mal, não sinto ódio. Que o coloco nas minhas "orações" e peço para ele tudo de bom, quanto peço para mim. E acho que isso só mostra, mais uma vez, a mim mesma, o quanto evoluí e o quanto deveria estar orgulhosa.

Mas que nunca mais mesmo, irei permitir situações idênticas. Absolutamente a ninguém. E irei falar disto com a Psicóloga, acho importante e talvez mostre um bocado de onde vêm os traumas...

"Aos olhos dele só tenho é a mania, penso que sei mais que os outros, não valho nada, sou uma inútil.
Nem para arranjar marido rico sirvo.
Tenho um curso de merda e inútil. Eu mesmo sou uma inútil, já tinha dito?
Não consigo arranjar trabalho porque não valho nada. Porque eu afinal de contas, só tenho é a mania.

Estou cansada de diariamente ouvi-lo quase segredar mas de maneira a que toda a gente ouça, que não valho nada.
Que nunca mais saio de casa pois já não me suporta.

Não posso falar, não posso rir ( ainda consigo mas nem sei como), não posso falar nem das novidades das amigas. Porquê?
Porque só tenho conversas de merda.
Sou a que gasta demasiada água e se calhar convinha deixar de tomar banho tantas vezes.
Sou a que nem devia sair do quarto. Vou para a sala porquê?
Tenho 4 canais do quarto e uma janela, porque raio saio de lá?
Só saio de lá para ter conversas de merda e meter nojo.

Estou cansada disto! Estou cansada desta vida.
Praticamente choro todos os dias por causa disto....

...Já pensei cá para mim, se calhar mereço mesmo tudo isto que estou a passar.
Se calhar tenho mesmo a mania e se calhar devia mesmo desistir dos meus objectivos. Desistir de ser feliz. Desistir de tentar ter uma vida melhor.
Mereço ser tratada desta maneira. E contentar-me com o pior.

É a vida a retribuir todo o mal que provoquei nas pessoas. Só pode.

Não vejo mais nenhuma justificação.

Mas cada vez estou mais convencida que mereço isto, mereço pior. Muito pior....
"

Vai mesmo assim, nesta corzinha morta. Pois não merece mais destaque, além daquele que "já justifiquei". Sim chorei ao ler estas minhas palavras. Mas sinto que, apesar de tudo, o não sentir raiva e como referi, não lhe desejar mal, significa que está ultrapassado ou sei lá que nome lhe dar.
Mas é triste. É triste ler isto e saber de onde vieram estas palavras...



4 comentários:

J.P. Alexander disse...

Uno va madurando y esos recuerdos tan duros se van diluyendo pero a veces no se olvidan del todo. Te mando un beso.

" R y k @ r d o " disse...

Recordar é viver
Cumprimentos poéticos

A Teia Dos 20 Mais x! disse...

Bem... nem sei por onde começar.

Fiquei sentida com esta tua publicação, não esperava isto quando comecei a ler as tuas palavras de que tinhas encontrado uma carta do passado escrita por ti.
Seja em que idade for, ouvir essas coisas é um peso com uma dimensão gritante. Agora consigo perceber algumas das questões que falavas aqui à alguns anos, dos medos, das angústias, de não fazeres A e B....
Com o passar dos anos foste evoluindo nesse aspeto, e isso tem-se notado aqui, e talvez vá ao encontro do que tu dizes no fim, não sentiste raiva ao ler e não lhe desejas mal, estás a evoluir e estás a ficar mais forte nos acontecimentos, até porque estás a perder os medos, aos poucos, medos esses que provavelmente vieram dessas palavras, e comportamentos que viveste.

Segundo o que sei, és irmã do meio, porquê esse comportamento dele para ti? porquê te tratar assim? (não que nada justifique é óbvio, mas não percebo...)

Sente-te abraçada. Gosto muito de ti, e desejo conforto na tua vida, um beijinho também :)

bea disse...

Não concordo com o ditado "o que não nos mata torna-nos mais fortes". Há muita coisa que não nos mata mas nos enfraquece, tanto a nível físico como mental. Pronto mas isto sou eu que gosto de achar isto e aquilo.
Não escrevi nada assim com muito ano e se acaso releio, sinto alguma ternura por esses momentos tristes que provavelmente dramatizei e não eram tão tristes assim, já que consegui escrevê-los e pensar em vírgulas ou vocábulos que melhor os dissessem. Acho bonito que sinta ter crescido em relação a esse tempo que a mim me parece de revolta, talvez de adolescência, tempo em que só nos ficam as palavras e os gestos que nos magoam, tempo em que nos sentimos o alvo do outro. Viver , como a Cláudia sabe não é um mar de facilidades. Mas também não tem de ser esse embate duro a que se refere. Até por existir na vida mais gente do que essa tal pessoa, gente que nos entende e aceita como somos. Essas pessoas são as que mais contam, pois não é?
Um abraço

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