quinta-feira, junho 30

Coisas com significado

Nas limpezas de Primavera, apanhei uns postais que fui dando ao marido ao longo de alguns anos de namoro. Um livrinho de poemas românticos, um cd, etc.

Por um lado, o minimalismo disse-me para deitar aquilo tudo fora.

Por outro lado, o marido sempre quis guardar aquilo porque eu tinha dado.

Mas para mim, para além de aquilo não ter utilidade nenhuma (admito que eram muito poucos e já perceberão porquê), quando os li, já não me faziam sentido.

Sentimentos de início de relação, sentimentos que ficaram no passado, principalmente porque eu estou uma Cláudia diferente e a relação já está desgastada. Li coisas das quais, agora com outra consciência, me envergonhei de ter escrito (e não pensem que eram coisas badalhocas, nada disso. Eram românticas, talvez demais, a mostrar alguma "dependência").

E sabem o que fiz?

Rasguei aquilo tudo, sem ele saber, claro. E parti o CD. Tudo fora.

Senti um alívio grande. Senti que quebrei um ciclo.

O livro de poemas deixei ficar. É um livro de poemas. Ponto. 

O resto, tudo para o lixo.

Hoje em dia, bem que me escusa de pedir para escrever o que quer que seja, porque simplesmente não consigo. Já não sinto que seja paixão, até porque essa acaba. É talvez um amor maduro, mas cansado. E talvez esse cansaço me impeça de escrever o que quer que seja, mesmo a frase mais simples.

Até também poderá ser porque já escrevi, a valorização era pouca e então agora bem pode querer que já não há mais.

Mas senti acima de tudo, que o tinha que fazer. Senti mesmo que quebrei um ciclo e mais uma vez, estou a sentir mais mudança em mim.

As dores do "crescimento" estão a ser algumas, posso ter recuos, posso nem conseguir chegar onde quero, mas estou-me a focar só no que poderá sair de bom daqui e é isso que interessa.

Vocês costumam deitar estas coisinhas fora?



7 comentários:

- R y k @ r d o - disse...

Quando se namora, regra geral, escrevem-se "coisas" atrevidas que... nunca poderão ser consideradas badalhocas.

Só poderia deitar fora caso existisse a separação da relação. Estando juntos nunca o faria. ( digo eu ...)

Tem que mandar o maridão ir passear o cão ... de vez, e talvez assim, consiga viver de coração e alma libertas desse sufoco, lol

Cumprimentos poéticos

A Teia Dos 20 Mais x! disse...

Tens uma frase muito forte aqui "agora com outra consciência, me envergonhei de ter escrito", é forte e duro ler.

Ninguém conhece totalmente a realidade do outro. Se te saiu um peso de cima fizeste bem em te desfazer das coisas, mas e se pensasses que ao invés de te parecer "dependência" fosse entrega ao amor? Todo o amor inicia assim, forte e lamechas, de entrega (não submissão). E acredito que tenha sido esse o caso, afinal são muitos aninhos juntos :))

Quanto ao resto, ... Desejo de coração o melhor para ti :)

bea disse...

Não atiro fora nada que diga respeito ao meu coração de antes. Prezo muito o que então escrevi. E, ao invés da Cláudia, se releio, encontro-me tão semelhante que até dói. As dúvidas e perplexidades são as mesmas. Suponho que seja mau sinal eu não ter mudado. Mas encontro-me inteira nas palavras de então. Bom, talvez houvesse mais esperança, era outra a idade e havia muita vida pela frente. O desencanto era curta sombra penumbrosa.
Um dia, os filhos deitam tudo fora e, provavelmente, desconhecendo o que contém aquele saquito. Eles fazem o seu papel, mas não será por isso que abdico do meu: sou a guardiã do tempo que foi. Para quê? Para nada.

Jaime Portela disse...

Este seu texto é preocupante. A menos que tenha sido escrito num estado de alma perturbado. Digo isto porque se referiu duas vezes à relação, achando que "a relação já está desgastada" e com um "amor maduro, mas cansado". Tenha atenção, porque isto pode ser o início do fim. Quanto ao guardar ou deitar fora, tudo depende das pessoas e do que se trata. Eu também não gosto de guardar muitas coisas.
Continuação de boa semana, amiga Paula.
Beijo.

Jaime Portela disse...

Cláudia, creio que no meu comentário lhe chamei Paula.
Se o fiz, peço-lhe desculpa.
Um beijo.

Isa Sá disse...

Eu não gosto de guardar tralhas, mas o que mexe com sentimentos já é diferente.
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Marisa Reis disse...

Eu não consigo deitar essas coisas fora, apesar de não ser a mesma pessoa, já fui essa pessoa e como tal gosto de recordar momentos... ainda para mais não sendo minhas(pois eram os postais que tu escreveste, como tal eram dele e não teus), jamais o faria...

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