quinta-feira, agosto 11

Entrevista do século passado

Eu não me ando a candidatar a nada. 

Já fiz 3 anos nesta empresa, as coisas continuam mal, mas tenho-me mantido. O ordenado é demasiado baixo, mas vai-me balanceando com o facto de poupar gasolina por estar perto de casa. E saio e entro a horas e ninguém me chateia.

Mas claro, quero mais. Mas até lá...

Recebi um contacto e pareceu-me interessante. Decidi ir à entrevista, que, logo para começar, foi presencial. Já raramente se fazem entrevistas presenciais num 1º contacto, mas como também era perto, fui.

Deve ter sido a entrevista mais surreal a que fui. Senti que devia ter levado umas ceroulas e um vestido à donzela 😒

Quem fez a entrevista foi quem? 

Os administradores da empresa. Até aqui, apesar de não ser normal num primeiro contacto mas ok, tudo bem. O problema é que esses mesmos administradores eram um casal de velhotes. 

O Sr. parecia ter mais idade que a Srª e com alguns problemas de saúde. Falava super devagar, super pausadamente e parecia que era ele que não se tinha preparado para a entrevista.

O que pareceu uma eternidade, lá me perguntou o nome, se tinha estudos (????) e de onde eu era.

Entre cada pergunta, sem exagero, minutos passavam e nós os dois calados.

Entretanto chega a tal Srª e entra, nem ai nem ui, não se apresenta, nada.

Senta-se e ele pede-me para continuar. E eu já com uma vontade louca de sair dali.

Não falaram da empresa, da função, de porra nenhuma. Nem da minha experiência, absolutamente nada.

Até que o Sr. se vira e diz que prefere alguém licenciado em Contabilidade do que uma simples administrativa! Mas se não encontrar ninguém, que tem que se contentar com uma administrativa, que remédio! 

Pior foi ter-me dito que a pessoa que se ia embora era administrativa e que nem fez força para ela ficar... Uma tristeza de pessoa.

Ora eu apesar de ter um curso superior, é verdade que não é em Contabilidade e para mudar de empresa, têm que ter noção que eu preciso de formação. Mas tudo se aprende! E aliás, eu refiro constantemente isso, dos meus poucos conhecimentos.

E esta ideia de quem tem curso é que é, é tão desactualizada senhores... Apresento-lhe uma barra em Contabilidade e Fiscalidade que tem o 12º ano! Aprendeu a mexer nas coisas com a experiência, como é normal.

Se calhar pela minha idade, já poderei ir tarde para uns, mas acho que nunca é tarde para começar. Desde que haja vontade de aprender e alguém disponível para ensinar.

Depois, aquele "casal" começou a discutir. Pareciam um casal de velhotes rezingões.

Ia a entrevista quase no fim, eu já na ideia que tinham passado 50h daquela tortura, o Sr. retira-se da sala. Assim, puff. Eu a falar e ele sai. Nem ai nem ui. Nem prazer, nem boa tarde, nada. Saiu simplesmente.

Fiquei eu e a Srª e apenas me diz bem, parece-me que já sabemos tudo sobre si. 

Não, querida, não sabem nada sobre mim. Nem aspirações, nem motivações, nem coisa nenhuma.

Saí de lá com a certeza (quase absoluta) que não me vão ligar sequer. E mesmo que liguem, quem não quer sou eu.

Se a entrevista foi assim, eu imagino trabalhar lá.


 

4 comentários:

Isa Sá disse...

O mundo do trabalho não é fácil.
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Jaime Portela disse...

Há empresas que nem sequer sabem contratar... começando logo pelas entrevistas, que também não sabem fazer. Mas, nessas empresas, o normal é admitir pessoas sem sequer as conhecerem e sem qualquer entrevista. Fazem-no porque alguém pediu e pronto, está feito.
No seu caso, poderia ter invertido a situação e fazer a entrevista ao casal...
Continuação de boa semana, amiga Cláudia.
Um beijo.

bea disse...

Parece-me mesmo uma entrevista para esquecer, Cláudia. Não pense mais nisso.

O ultimo fecha a porta disse...

Alô, fazes bem em ir vendo o mercado. Que cena estranha. Realmente, se foi assim a entrevista, imagino o que seria trabalhar lá. Venha a próxima entrevista.

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