quinta-feira, fevereiro 9

De outros tempos

O meu psicólogo disse-me uma vez que eu parecia de outros tempos.

Eu percebi o que ele quis dizer, mas fiquei parva com o comentário. Serei eu que estarei errada ou será a nossa sociedade que está uma valente merda?

Não há valores, não há escrúpulos, nada. Pisam-se as pessoas como se de lixo se tratassem. Não se respeita ninguém.

Atenção, eu acho-me super moderna em muitas coisas. Talvez em demasiadas mesmo. Muito mente aberta.

Mas há valores que trago comigo e espero nunca perdê-los e faz-me confusão dizerem-me que pareço de outros tempos.

Fico chocada quando, principalmente nas redes sociais, falam de certos comportamentos que não tenho, ao que respondo que sou casada, por exemplo, e as pessoas ficam parvas a olhar para mim e perguntam e então?

Cada vez é mais banal as traições. É normal. É natural.

Ninguém se atura. Ninguém admite nada. É certo que há limites, mas porque não lutar por uma coisa em que se acredita?

Se calhar sou a única a pensar assim e poderei estar a prejudicar-me, mas, mais uma vez, sinto que errada não estou. Que estou no caminho certo. E se eu sofrer, sofro, mas saio de cabeça erguida. Consciência tranquila. A saber que lutei o máximo que consegui e fui fiel a mim mesma, porque no fundo, só isso me interessa.

Eu poderia ser igual a todos os outros, mas eu decidi ser eu mesma. E foram-me incutidos valores. 

Posso não ser a pessoa mais simpática à face da terra, nem a mais paciente, mas vou continuar a defender o mais fraco, perante as injustiças. Vou continuar a defender os meus e aí sim, viro bicho. 

Nunca fui do politicamente correcto. Se tiver que falar a verdade, mesmo que magoe, é o que faço. 

Mas os valores superiores a isso, como o respeito pelo próximo, ter o mínimo de empatia, respeitar-me enquanto mulher, ser humano e às pessoas que escolho livremente ter a meu lado, é o mínimo! Não tem que ser pedido, é o mínimo.

Mas não. Pelos vistos sou eu que sou de outros tempos. Ou pareço. Ou a minha mentalidade em algumas coisa o é. Então deixá-la ser.

Quem fala de relações matrimoniais, fala de amizades, tudo. Não vou falar mal de uma pessoa que considero minha amiga. Que raio de amizades são estas de hoje em dia?

 Que confusão isto tudo me faz.



7 comentários:

J.P. Alexander disse...

Concuerdo contigo Te mando un beso.

Isa Sá disse...

Eu às vezes penso que não nasci para viver neste mundo de crueldade e desigualdades.

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Jaime Portela disse...

Concordo com o que diz e pensa.
Em qualquer caso, acho que a maioria da sociedade tem valores idênticos aos seus. Por isso, talvez conviva com num nicho de pessoas com valores diferentes das ditas normais.
Continuação de boa semana, amiga Cláudia.
Um abraço.

bea disse...

As traições amorosas têm muito motivo, Cláudia e ninguém diga "desta água não beberei". E também não é uma nem duas vezes que, nesse ou noutro aspecto, infringimos os nossos princípios. Não nos pertence ser Deus.
Quanto à amizade, digo-lhe que também a traímos de vez em quando. Pode ser com menos agravo, mas traímos. E, contudo, não deixamos de ser amigos e somos capazes de lutar por manter acesa uma amizade durante muitos anos, por vezes, uma vida.
Não lhe sei explicar porque somos assim. Pode que sejamos inexplicáveis. Ou me falte a arte e o engenho para tamanha empresa.

Cidália Ferreira disse...

Gostei de te ler :)

Beijos e uma boa tarde.

Leonor Pedro disse...

Creio que o comentário do seu psicólogo terá sido mais tendo em conta algumas das suas "condutas" sociais e não tanto as questões de fidelidade e afins. Coisas como o não sair sozinha e estar dependente do marido... Seria, talvez, mais isso.

Marisa Reis disse...

Também sou de outros tempos mas temos cerca de 10 anos de diferença :)

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