Nas limpezas de Primavera, apanhei uns postais que fui dando ao marido ao longo de alguns anos de namoro. Um livrinho de poemas românticos, um cd, etc.
Por um lado, o minimalismo disse-me para deitar aquilo tudo fora.
Por outro lado, o marido sempre quis guardar aquilo porque eu tinha dado.
Mas para mim, para além de aquilo não ter utilidade nenhuma (admito que eram muito poucos e já perceberão porquê), quando os li, já não me faziam sentido.
Sentimentos de início de relação, sentimentos que ficaram no passado, principalmente porque eu estou uma Cláudia diferente e a relação já está desgastada. Li coisas das quais, agora com outra consciência, me envergonhei de ter escrito (e não pensem que eram coisas badalhocas, nada disso. Eram românticas, talvez demais, a mostrar alguma "dependência").
E sabem o que fiz?
Rasguei aquilo tudo, sem ele saber, claro. E parti o CD. Tudo fora.
Senti um alívio grande. Senti que quebrei um ciclo.
O livro de poemas deixei ficar. É um livro de poemas. Ponto.
O resto, tudo para o lixo.
Hoje em dia, bem que me escusa de pedir para escrever o que quer que seja, porque simplesmente não consigo. Já não sinto que seja paixão, até porque essa acaba. É talvez um amor maduro, mas cansado. E talvez esse cansaço me impeça de escrever o que quer que seja, mesmo a frase mais simples.
Até também poderá ser porque já escrevi, a valorização era pouca e então agora bem pode querer que já não há mais.
Mas senti acima de tudo, que o tinha que fazer. Senti mesmo que quebrei um ciclo e mais uma vez, estou a sentir mais mudança em mim.
As dores do "crescimento" estão a ser algumas, posso ter recuos, posso nem conseguir chegar onde quero, mas estou-me a focar só no que poderá sair de bom daqui e é isso que interessa.
Vocês costumam deitar estas coisinhas fora?