quarta-feira, novembro 16

A culpa é da ansiedade ou minha?

Depois de ter visto pelo 2º mês que talvez não me fossem pagar a tempo e horas, depois de ver que o processamento dos salários nem estava cá no último dia em que tinha que vir apesar das nossas insistências, depois da conversa de me quererem tirar da área onde estou e colocar-me noutra, parece que me caiu a ficha.

Eu ando a receber propostas de trabalho, mas até me encherem as medidas, não troco. 

Mas claramente, andava-me a enganar. Pintei todo um mundo cor-de-rosa acerca do trabalho onde estou, que apesar de ter noção da realidade da empresa, não percebi esta minha atitude.

Por isso, culpa minha, ou da minha ansiedade que me faz sempre ter medo da mudança, apesar da realidade a que tenho acesso diariamente, de facto pintei a coisa cor-de-rosa.

Ah, porque o ordenado é baixo mas pagam a tempo e horas: até agora só falharam uma vez. Iam falhando a segunda e não só por causa do atraso no envio do processamento. A conta não tinha dinheiro! Ficou a zeros após o pagamento dos ordenados, tendo sido necessário cancelar outros pagamentos. Não é normal uma empresa que supostamente apregoa a estabilidade da mesma, tenha uma conta a zeros.

Ah, porque estou perto de casa e acaba por compensar: claro que compensa, mas até certa parte. Se trocar para receber o mesmo ou menos, é óbvio que não vai compensar. Mas as ofertas que tenho recebido, têm valido a pena, apesar de não serem o que pretendo. E basta receber mais de subsídio de refeição e passo logo a receber mais do que aqui.

Ah porque o ambiente é muito bom: venha quem vier, um bom ambiente de trabalho é meio caminho andado para termos gosto em ir trabalhar mas... apesar de eu me dar muito bem com o meu chefe, a verdade é que não falo com praticamente mais ninguém na empresa e estou sempre sozinha, por isso, qual ambiente é que é bom?

Ah, porque estou efectiva e tenho estabilidade: a verdade é que nos dias que correm, efectividade, infelizmente, não significa nada. E pior, esta empresa pode ser muita coisa, menos estável. De que me interessa estar efectiva se a empresa mal se aguenta a pagar ordenados? De que me adianta estar efectiva se a empresa pode declarar insolvência? De nada me serve isso!


Mais uma vez, senti que apesar de ter conhecimento disto tudo, realmente andava-me a enganar, mas agora abri os olhos. Vou tentar aguentar-me o máximo que consiga, porque quero também crescer a nível da função que estou agora a absorver. Se me permitirem, é isso que pretendo e então depois lá trocarei. Mas claramente, já vou olhar para as propostas que recebo com outros olhos. Já não vou encarar as propostas de uma maneira tão leviana só porque estou efectiva e tenho trabalho e portanto, estou segura.

Não se deixem enganar, por favor, como eu me deixei, ou como a minha ansiedade me permitiu apenas ver um lado.



3 comentários:

Isa Sá disse...

Quando o salário começa a não chegar a horas a coisa não é promissora. Eu trabalhei numa empresa que começou assim, com atrasos em salário. Fui sempre acreditando que as coisas iam melhorar e quando me dei conta fiquei sem seis meses de salário. A empresa foi à falência e viemos para o fundo de desemprego. Espero que não seja esse o caso.

Isabel Sá
Brilhos da Moda

bea disse...

Pois é concordo com a Isa, a empresa em que trabalha está doente. Melhor pensar seriamente em trocar de trabalho. Mas eu estou fora e quem sabe da tenda...
Bom dia, Cláudia.

Cidália Ferreira disse...

Por vezes a saúde mental é muito melhor, do que ganhar mais, mas com preocupação. Por vezes o menos é mais...
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Existem palavras guardadas em mim
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Beijo, boa tarde

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